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Os riscos da forma de financiamento

Já vimos que os problemas causados pelo clima e/ou pelo mercado acabam desembocando na exaustão do crédito, como nas crises de 1995/96, 2004/05 e no momento atual, o que evidencia a necessidade de que a gestão dos riscos seja integrada.


Essa necessidade também pode ser comprovada a partir da análise dos efeitos associados dos riscos de mercado e do clima em face à forma de financiamento utilizada pelos produtores.


Risco Barter


O Barter é uma das mais antigas e ainda comuns formas de financiamento agrícola. Contratado diretamente entre fornecedor de insumos e produtor, a operação compromete este a entregar quantidade certa de produto após a colheita, a um preço travado ou fixado previamente, no momento do fornecimento dos insumos.


Dependendo da evolução do preço do produto no mercado e da ocorrência de frustração de safra definimos os cenários conforme “Matriz de Riscos Barter”.

A matriz revela que penas o cenário de queda do preço do produto no mercado sem que haja frustração de safra é isento de problemas para o produtor.


Se contratou seguro de produtividade, ou mesmo de custeio, para honrar o contrato em caso de frustração de safra, eventual indenização vai ajudar na aquisição do produto ou no pagamento da multa.


Ainda assim, ao travar o preço do produto, o produtor fica sujeito ao risco de alta do preço, que se manifesta havendo ou não frustração de safra, uma vez que:

  • a cobertura do seguro pode não ser suficiente para honrar o contrato mediante aquisição do produto a preço mais elevado que o travado (nessa situação, em geral, vai optar pelo pagamento da multa);

  •   com a elevação do preço, mesmo com uma colheita satisfatória, haverá um sentimento de que o resultado da safra poderia ter sido melhor, já que não participou da alta, sem falar na “tentação” de descumprir o contrato e vender o produto no mercado.


A solução para o Barter seria a contratação conjunta (além do seguro de produtividade ou custeio) de um “seguro de alta” (Call ou Contrato de Opção de Compra), de forma que o produtor pudesse participar de eventual alta do preço, funcionando como um incentivo ao cumprimento da entrega do produto para a revenda ou cooperativa fornecedora dos insumos.


Risco Operação de Crédito


Realizamos idêntico exercício para a contratação de uma operação de crédito, seja mediante financiamento bancário de custeio ou adiantamento de insumos junto a uma revenda ou cooperativa, onde o produtor se compromete a pagar o financiamento após a colheita, mas sem o travamento de preço.


Nesse caso, apenas o cenário de alta do preço e sem frustração de produção será necessariamente satisfatório para o produtor, conforme “Matriz de Riscos Operação de Crédito”.

Importante destacar que, neste caso (com alta do preço e sem frustração de safra), para participar da alta do preço o produtor adotou uma posição especulativa (não travou preço como no caso do Barter).

Os mesmos cenários de risco da operação de crédito são válidos para o caso de autofinanciamento, com a diferença de que, em vez de prorrogar dívidas o produtor enfrentará a descapitalização.

 
 
 

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© junho/2024, por José Luiz dos Reis

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