Os riscos da forma de financiamento
- lourenobudke1
- 19 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Já vimos que os problemas causados pelo clima e/ou pelo mercado acabam desembocando na exaustão do crédito, como nas crises de 1995/96, 2004/05 e no momento atual, o que evidencia a necessidade de que a gestão dos riscos seja integrada.
Essa necessidade também pode ser comprovada a partir da análise dos efeitos associados dos riscos de mercado e do clima em face à forma de financiamento utilizada pelos produtores.
Risco Barter
O Barter é uma das mais antigas e ainda comuns formas de financiamento agrícola. Contratado diretamente entre fornecedor de insumos e produtor, a operação compromete este a entregar quantidade certa de produto após a colheita, a um preço travado ou fixado previamente, no momento do fornecimento dos insumos.
Dependendo da evolução do preço do produto no mercado e da ocorrência de frustração de safra definimos os cenários conforme “Matriz de Riscos Barter”.
A matriz revela que penas o cenário de queda do preço do produto no mercado sem que haja frustração de safra é isento de problemas para o produtor.
Se contratou seguro de produtividade, ou mesmo de custeio, para honrar o contrato em caso de frustração de safra, eventual indenização vai ajudar na aquisição do produto ou no pagamento da multa.
Ainda assim, ao travar o preço do produto, o produtor fica sujeito ao risco de alta do preço, que se manifesta havendo ou não frustração de safra, uma vez que:
a cobertura do seguro pode não ser suficiente para honrar o contrato mediante aquisição do produto a preço mais elevado que o travado (nessa situação, em geral, vai optar pelo pagamento da multa);
com a elevação do preço, mesmo com uma colheita satisfatória, haverá um sentimento de que o resultado da safra poderia ter sido melhor, já que não participou da alta, sem falar na “tentação” de descumprir o contrato e vender o produto no mercado.
A solução para o Barter seria a contratação conjunta (além do seguro de produtividade ou custeio) de um “seguro de alta” (Call ou Contrato de Opção de Compra), de forma que o produtor pudesse participar de eventual alta do preço, funcionando como um incentivo ao cumprimento da entrega do produto para a revenda ou cooperativa fornecedora dos insumos.
Risco Operação de Crédito
Realizamos idêntico exercício para a contratação de uma operação de crédito, seja mediante financiamento bancário de custeio ou adiantamento de insumos junto a uma revenda ou cooperativa, onde o produtor se compromete a pagar o financiamento após a colheita, mas sem o travamento de preço.
Nesse caso, apenas o cenário de alta do preço e sem frustração de produção será necessariamente satisfatório para o produtor, conforme “Matriz de Riscos Operação de Crédito”.
Importante destacar que, neste caso (com alta do preço e sem frustração de safra), para participar da alta do preço o produtor adotou uma posição especulativa (não travou preço como no caso do Barter).
Os mesmos cenários de risco da operação de crédito são válidos para o caso de autofinanciamento, com a diferença de que, em vez de prorrogar dívidas o produtor enfrentará a descapitalização.
Comments