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Sobre a postura frente ao cenário

Tanto as estratégias de mitigação quanto de transferência exigem proatividade.


Assim, para garantir a produtividade esperada e reduzir a probabilidade e os efeitos de eventos climáticos adversos (mitigação) o produtor observa o ZARC, acompanha a evolução tecnológica e planeja cada safra com antecedência, inclusive para aproveitar os melhores momentos do mercado para a compra dos insumos e a venda dos produtos.


Da mesma forma, para transferir os efeitos econômico-financeiros negativos do clima e do mercado para outros agentes é preciso acompanhar o mercado e contratar o Seguro Agrícola, o Proagro e operações nos mercados futuros e de opções antes que os eventos adversos aconteçam!


Ou seja, é até fácil concordar que nenhuma seguradora vai querer contratar o seguro depois de havido o sinistro na lavoura, depois da perda causada por uma seca ou uma chuva de granizo, por exemplo. Também não é difícil imaginar que nenhum agente de mercado vai comprar o produto a um preço superior ao de mercado, mesmo que estivesse mais elevado anteriormente.


Mas, então, por que é tão difícil ao produtor tomar a decisão de contratar a proteção, seja de preço ou de produção, no momento adequado?


Entendo que seja devido à postura do produtor (e de outros agentes) frente ao cenário.


Vou tentar começar a explicar com uma pergunta: qual a expectativa do produtor quando vai assistir uma palestra sobre previsão de clima ou de comportamento de preços no mercado?


Me arrisco a dizer que, de forma geral, o produtor “quer ouvir” e sai satisfeito se o climatologista disser que as chuvas serão boas para a lavoura e o analista de mercado projetar elevação dos preços do produto. Isso é uma tendência natural do ser humano. Ninguém gosta de maus presságios!


Se não ouvir isso vai duvidar, achar em si mesmo razões para justificar, também para os vizinhos, a sua posição especulativa! Sim. Pelo simples fato de plantar o agricultor assume uma posição especulativa: está “comprado” (no mercado) e suscetível aos riscos do clima, pois a agricultura é uma “fábrica a céu aberto”.


Já demonstrei, em outro artigo, que o ser humano toma suas decisões baseadas no sentimento, e a razão serve apenas para “construir justificativas para a consolidação interna e convencimento de terceiros a respeito da validade de suas ideias e ações”.


Dito em outros termos, o produtor acompanha cenários para tentar adivinhar o futuro (e manter, assim, a sua aposta), quando deveria fazê-lo com objetivo de definir suas metas de resultado e orientar a estratégia de proteção.


A meta é sempre produtividade e preço máximos. Mas é preciso considerar que só vai haver certeza de que o preço chegou ao máximo quando já estiver caindo! Ou seja, sem metas (definidas em função do cenário), não será possível ver o cavalo ao passar encilhado!


Sobre o clima é a mesma coisa: quando tiver certeza da intempérie não haverá mais oferta do seguro!


Se considerarmos que o cenário é de mudança climática, fica ainda mais importante que não só o produtor mas, especialmente, os agroclimatologistas e vendedores de seguro, destaquem as incertezas (e a necessidade cada vez maior de proteção) em vez de tentar “adivinhar/cravar o futuro” (para poder, quem sabe, depois, satisfazer o ego e dizer: tá vendo, eu falei!).


A respeito do cenário, de imprevisibilidade, deixo a imagem das anomalias de precipitação previstas e realizadas no período de outubro/23 a janeiro/24, conforme dados do Inmet, e uma pergunta para reflexão: qual a validade dos nossos modelos de previsão baseados em dados históricos, considerando que estamos em tempos de mudanças climáticas?


 

 
 
 

1 Comment


JOSE LUIZ REIS
Sep 11, 2024

Que abordagem interessante, Loureno.

Com as mudanças climáicas (e até sem elas) torna-se ainda mais necessário incorporar o custo do seguro ao custo de produção.

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© junho/2024, por José Luiz dos Reis

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